segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Desconhecidos

Dois desconhecidos que poderiam estar em qualquer lugar. Talvez se ela se atrasasse cinco minutos ou ele tivesse perdido o ônibus tudo seria diferente, ou não, talvez eles se encontrassem de uma outra outra forma. Acasos a parte, lá estavam numa fila qualquer, avulsos e inertes quando o jovem rapaz resolveu puxar assunto. Ele não falou sobre temas como clima, política, futebol ou horóscopo, na verdade ele não sabia ao certo o que falar, mas falou. A jovem também não compreendia o rumo do assunto, até por que a cor dos olhos do desconhecido foi capaz de prender toda sua atenção. E assim foi, um encontro casual que deveria terminar ali, deveria mas não terminou. Os dois descobriram estar indo para o mesmo lugar!
E assim seguiu, dias de papos, conversas e descobertas. A fase mais deliciosa e doce, a fase de descobertas. Ele gostava de cachorros e ela de gatos, ele gostava de bandas de rock antigas e ela de MPB, os dois gostavam de estrelas e praia, ela era apaixonada por fotografia e ele por livros, ele sonhava em viajar pelo mundo e ela sonhava e viajar pelo mundo dele.
Mas a fase inicial sempre chega ao fim e nem sempre da melhor forma.
As piadas não eram mais engraçadas, as risadas não eram mais espontâneas, as verdades não eram mais rotineiras. Ele passou a ser distante e ela passou a ser fria, as mensagens deixaram de ser respondidas, os telefonemas deixaram de ser duradouros, as conversas deixaram de ser de verdade. Eis o sinalizador do fim da paixão, eis que a relação perdeu seu eixo.
Os dias passaram, a distância deixou de ser incômoda e passou a ser relaxante, a saudade deu espaço para a indiferença e então o ciclo retornou ao seu ponto de partida.
Dois desconhecidos que poderia estar em qualquer lugar.

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