Não conte para a mamãe - Toni Maguire

Título: Não conte para a mamãe 
 Autora: Toni Maguire  
Editora: Betrand Brasil  
Páginas: 301 
Classificação: 5!
Playlist: Howard Shore - Jacob's Theme

Skoob

O livro é narrado em primeira pessoa e começa com Toni chegando na clínica onde sua mãe idosa está internada e passando pelos momentos finais de sua vida, ali ajudando a mãe Toni começa a lembrar do seu passado difícil como Antoinette, uma criança com uma infância triste e traumática. Antoinette era a única filha de uma jovem mulher da classe média na Inglaterra em meados de 1950, muito mimada e querida pela mãe e avó materna. A vida de Antoinette muda completamente quando seu jovem pai regressa da guerra e então ela vê sua mãe, até então a pessoa mais importante do mundo, deixando de lhe dar atenção para cuidar do marido. Mãe e filha vão para a Irlanda morar perto da família do pai, sem amigos e ainda muito jovem Antoinette sofre o primeiro abuso com cinco anos. Seu pai lhe rouba um beijo e quando ela conta para mãe, ao invés de apoio, recebe uma crítica muito dura. Depois disso a infância de Antoinette se torna um pesadelo constante, o pai começa a abusar sexualmente dela com uma frequência enorme enquanto a mãe se mostra cada vez mais fria e distante enquanto finge que nada daquilo acontece. Com o passar dos anos Antoinette se torna uma adolescente deprimida e seu corpo em desenvolvimento atrai cada vez mais a atenção de seu pai. Aos poucos Antoinette descobre que as ameças que o pai fazia eram bem verdadeiras, quando a verdade vai aparecendo todas as pessoas que ela ama se afastam e viram as costas para ela.

O segredo que não contei ao meu pai foi o segredo que escondi de mim mesma. Minha mãe sabia. O único medo que ele tinha era que ela descobrisse. Assim, esse foi o dia em que nosso jogo começou. O jogo chamava-se "nosso segredo", um jogo que ele e eu manteríamos por mais sete anos.

A leitura desse livro foi difícil. As narrativas intercaladas entre Toni, a mulher independente, e Antoinette, a criança traumatizada, são igualmente dolorosas. O mais engraçado é que o abuso sexual obviamente me trouxe um sentimento de revolta e incredulidade mas consegui detestar ainda mais a mãe de Antoinette. O pai certamente era um monstro mas a indiferença da mãe e a devoção que ela tinha pelo marido foi ainda mais revoltante de entender. A forma como as pessoas reagiram a história de Toni também é difícil de ler, uma criança que precisava de apoio mas foi julgada como se ela fosse culpada e não da vítima da história. O amor de Toni pela mãe e forma como ela ignorava tudo que aconteceu para ter um pouco mais de atenção dessa mãe que simplesmente não se importava com ela foi a coisa que mais me marcou nessa história.

- Não conte para a mamãe - disse ele, dando-me uma breve sacudida. 

- Isso é um segredo nosso, Antoinette, você me ouviu?

- Está bem, papai - respondi. - Não vou contar.

Recomendo a leitura, é um drama bem diferente dos livros que já li.