segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre Deixar de Ser

Escrito em outubro de 2013
PlaylistNina Simone - Feeling Good

Provavelmente você nunca vai me ouvir falando com crianças com aquela voz irritante de garota marota que as pessoas utilizam apenas com bebês e animais de pequeno porte. Não me verá te ligando e dizendo "ei, preciso de você aqui pra me salvar da droga da minha vida" ou assistir minhas crises de choro quando tudo parece dar errado. Não vou correr atrás de você por motivos sérios ou questões de vida ou morte. Eu, que me tornei adulta cedo demais, toda aquela balela de Amélia deixada para trás, uma menininha de 1,50 com a capacidade de bater de frente com gente de qualquer tamanho e ainda manter uma expressão de "quem você pensa que é pra falar comigo?". Também não me verá assistindo novelas, lavando roupa ou lembrando da sua existência em um sábado agitado. Mas no fundo, bem lá no fundo, próximo ao rim, lembro de você. Mas sou independente demais pra deixar isso claro e assumir pra qualquer pessoa. Costumo lembrar de você em uma manhã de terça-feira chuvosa, no meio de uma corrida com ritmo forte ou no meio de um filme idiota que me faz lembrar de uma das suas idiotices. Certamente não sou daquelas mulheres pra casar, apresentar a família, passear no parque em um domingo ensolarado. Isso é entediante, é de uma pureza e de uma mesmice que me irrita. Posso querer isso do fundo do meu rim mas aqui na superfície deixo claro que não faço questão. Me liga em um dia qualquer, 5 semanas depois de fingir que não existo e pergunta "Hei, vamos fazer algo?". Pode ser que eu aceite, pode ser que outra pessoa já tenha substituído seu papel. Já falei que dispenso mesmice na minha vida? Detesto tudo que é pela metade. Meio interessante, meio arriscado, meio legal. Se é pra ser que seja inteiro e se é pra ficar que seja só enquanto for bom. Se é pra ir que seja de uma vez. Mas não espere meias verdades de mim, você sempre me terá 100% ou não terá nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário