quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Criatividade S.A. - Ed Catmull

__________________________________
Dados Técnicos
Título: Criatividade S.A.
AutorEd Catmull
EditoraRocco
Páginas320
__________________________________
Minha Classificação
__________________________________
Nesse livro Ed Catmull, cofundador da Pixar, aborda de maneira cronológica a história da Pixar além de fornecer dicas valiosas de gestão de riscos, processos e pessoas. Deixando de lado aquelas frases de efeito que o corporativismo adora Ed aborda casos de sucesso e falha, lições aprendidas ao longo dos anos e ainda fornece curiosidades sobre o processo de criação dos diversos filmes consagrados como Toy Story, Valente, Ratatouille e outros. O autor enaltece o sentimento de equipe da empresa, assim como reconhece o brilhantismo dos seus funcionários. Aborda um fato bastante curioso: a sequência de filmes de sucesso, em um determinado momento, passou a ser um ponto negativo pois, em novos projetos, o medo de fazer o primeiro filme "mais ou menos" da Pixar era enorme. Cabia aos gerentes e diretores descobrirem a melhor forma de proteger as mentes criativas desse medo. Além de tudo isso nos capítulos finais Ed fala um pouco mais sobre Steve Jobs, CEO da Pixar, principal patrocinador e defensor da empresa. É impossível não se emocionar.

Abaixo meus comentários sobre alguns trechos do livro que me marcaram bastante. Foi definitivamente uma leitura prazerosa e cheia de ensinamentos.

A definição de animação
Desde o início a Pixar focou em algo muito simples: os seus personagens nas animações deve levar o telespectador a acreditar que o personagem é um ser pensamente. Não apenas visualmente ao se movimentar ou interagir com outros elementos, as emoções e intenções do personagem vão garantir que uma conexão única com quem assiste o filme.

O início
Em 1976 a ideia de incorporar alta tecnologia à produção de filmes em Hollywood não era apenas uma baixa prioridade, mas nem mesmo estava no radar. George Lucas foi a pessoa que mudou esse mindset. Em 1977 Guerra nas Estrelas foi lançado com incríveis efeitos visuais do filme e uma bilheteria enorme. Isso mudaria a indústria cinematográfica para sempre. Sua empresa, a Lucasfilm, estava moldando o futuro. Ed Catmull foi contratado como gerente da Lucasfilm após Guerra nas Estrelas alcançar o sucesso.

Barreiras Humanas
Ed foi contratado para fundir o processo de produção de filmes com tecnologia. O problema era que George Lucas queria inovações mas os funcionários, acostumados a lidar com processos manuais, não estavam interessados nas tecnologias desenvolvidas por Ed. Por mais desafiador que fosse o problema técnico ele era insignificante diante do maior e eterno impedimento ao progresso: a resistência humana a mudanças.

Mas como sempre digo a respeito de se fazer um filme, o fácil não é o bom. A qualidade é a meta.

O sufoco
Na Lucasfilm Ed e seus engenheiros construíram um dispositivo chamado de Pixar Image Compute. Basicamente era um computador que dispunha de resolução e poder de processamento para escanear filmes, combinar imagens de efeitos especiais com cenas de ação ao vivo e registrar o resultado final em um filme. E aí começaram os conflitos. Enquanto Ed e sua equipe estavam interessados em fazer um filme animado de longa-metragem, George Lucas estava interessado no que os computadores poderiam fazer para melhorar filmes com personagens vivos. Em 1983 George Lucas decidiu vender a divisão de computação chefiada por Ed. A Lucasfilm começou então a procurar empresas interessadas nisso. Em 1985 Steve Jobs entrou no radar.

O CEO Jobs
Em 1986 Jobs assinou o contrato que criou a Pixar. Dono de uma uma personalidade ímpar descrito por Ed como impaciente e lacônico, Steve Jobs tinha uma maneira peculiar de testar as pessoas. Seu método para medir alguém era dizer alguma coisa definitiva e ofensiva – “Estas plantas são um lixo!” ou “Este acordo não presta!” – e observar as reações das pessoas. Se a pessoa tivesse coragem de retorquir, geralmente ele respeitava sua atitude. Era sua maneira de deduzir o que a pessoa pensava e se tinha coragem para defender suas ideias. Steve usava a interação agressiva como uma espécie de sonar biológico. Obviamente isso gerou barreiras no início. Ed e os demais funcionários da Pixar era um grupo de piadistas com a crença básica em se divertir. Lidar com com alguém sem humor e com tão pouca empatia foi um desafio e tanto.

Ele gosta de dizer que as pessoas precisam estar erradas o mais rápido possível. Numa batalha, se você tiver diante de si duas colinas e não souber qual atacar, diz ele, o curso de ação correto é decidir depressa. Caso você descubra que atacou a colina errada, dê a volta e ataque a outra.

O Banco de Cérebros
Basicamente era um grupo de pessoas cujo os membros eram comprovadamente solucionadores de problemas que trabalhavam muito bem em conjunto para dissecar cenas que não estavam dando certo. Esse grupo analisava as pulsações emocionais de um filme sem que qualquer dos seus membros ficasse emotivo ou caísse na defensiva, era um sistema que permitira uma conversa direta entre pessoas inteligentes, apaixonadas e, acima de tudo, sinceras. O Banco de Cérebros se tornou uma tradição na Pixar. Cada filme produzido era avaliado periodicamente por esse grupo e funcionou muito bem por alguns motivos:
- o Banco de Cérebros não tem autonomia para mudar o enredo de um filme ou algum personagem, ele apenas dá o feedback para que o diretor do filme e sua equipe pensem na solução;
- as críticas dadas são diretamente relacionadas ao material, os diretores e demais envolvidos no filme precisam ter isso claro em suas mentes;
- com o feedback em mãos a equipe de produção consegue fazer os ajustes necessários até encontrar o tom certo que é tão característico dos filmes da Pixar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário