terça-feira, 4 de abril de 2017

O que nos faz bons e maus - Paul Bloom

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Título: O que nos faz bons e maus
AutorPaul Bloom
Páginas304
Minha Classificação3/5
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O autor aborda questões filosóficas e psicológicas sobre moralidade, preconceito e comportamentos moldados desde a infância. Pra mim foi leitura um pouco complicada por trazer alguns termos técnicos mas o autor explica tudo e ainda traz exemplos e experimentos de outros livros. Abaixo listo os pontos e trechos que mais chamaram a minha atenção. Gostei bastante do livro.
Abaixo tem os trechos e pontos que mais me marcaram. Recomendo demais a leitura, sério. Chegou na minha mão em um momento bastante complicado e me ajudou muito. É o tipo de livro capaz de mudar a sua percepção de uma maneira muito positiva.


Biologia e Compreensão
O autor considera que certos fundamentos morais não são adquiridos pela aprendizagem, ou seja, não surgem no colo da mãe, na escola ou na igreja e sim são produtos da evolução biológica. Os bebês tem um grau de compreensão e percepção do que os cerca. Seus olhos e o o seu “tempo do olhar” podem dizer muito sobre a sua compreensão.

As crianças pequenas são altamente agressivas. Ao medir a taxa de violência física ao longo do ciclo de vida seu maior pico será em torno dos 2 anos de idade. As famílias sobrevivem aos "Terríveis Dois Anos" porque as crianças pequenas não são fortes o suficiente para matar com as próprias mãos nem capazes de manusear armas letais. Uma criança de 2 anos com as capacidades físicas de um adulto seria apavorante..

Vida moral dos bebês
Os testes utilizavam o "tempo de olhar" do bebê para investigar a sofisticação da compreensão social dos bebês. A ideia era descobrir se os bebês entenderiam que os indivíduos tendem a se aproximar daqueles que lhes prestaram ajuda e a evitar aqueles que os prejudicaram. Para isso usavam desenhos animados em que figuras geométricas ajudavam ou atrapalhavam outras figuras geométricas.
Ex:
Situação: Uma bola vermelha tentando subir uma ladeira
Cenário 1 - um quadrado amarelo se colocava atrás da bola e gentilmente a empurrava ladeira (ajuda)
Cenário 2 -  um triangulo azul empurrava a bola (dificuldade)

Quando as essas cenas eram exibidas para crianças pequenas ou para adultos perguntas como
- Quem foi legal? Quem foi bom?
- Quem foi ruim? Quem foi mau?”

As crianças responderam da mesma forma que os adultos, identificando o facilitador como agradável e o dificultador como mau. Com isso a conclusão de que que possuímos, biologicamente, um senso moral pode ser considerada uma verdade.

Psicopatas
Um psicopata pode ter alta inteligência, boas habilidades sociais e algumas das mesmas motivações que as pessoas normais possuem, como fome, desejo sexual e curiosidade. Contudo o que fala nele é uma resposta normal ao sofrimento dos outros e sentimentos como gratidão e vergonha. Por conta de alguma infeliz combinação de genes, do modo como foi criado e da experiência pessoal, ele carece de sentimentos morais. O psicopata sabe que é “certo” resgatar uma criança perdida e “errado” agredir sexualmente uma mulher enquanto ela está inconsciente. A diferença é que ele não sente nenhuma das emoções morais correspondentes, e, por isso, a sua apreciação de certo e errado é semelhante à de alguém cego de nascença que afirma que a grama é “verde” e que o céu é “azul”.

Compaixão x Empatia
Existe uma grande diferença entre:
- se preocupar com uma pessoa (compaixão) e
- colocar-se no lugar de outra pessoa (empatia)

Igualdade x Equidade
Quase todos nós concordamos, por exemplo, que uma sociedade justa é a que promove a igualdade entre os seus cidadãos. Porém muito se discute sobre que tipo de igualdade é moralmente preferível: a igualdade de oportunidades ou a igualdade de resultados.
É justo que as pessoas mais produtivas possuam mais do que todas as outras, desde que tenham tido oportunidades iguais no início?

Veja abaixo um teste feito com crianças de 6 e 8 anos.
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Situação:
Mark e Dan arrumaram seu quarto e, como recompensa receberiam borrachas.
As crianças deveriam ajudar a decidir quantas borrachas cada um deveria ganhar.
5 borrachas estavam disponíveis

Mesmo enfatizando que Mark e Dan não saberiam o número de borrachas recebidas as crianças prefeririam jogar a quinta borracha no lixo à dar uma a mais sem uma justificativa.
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Lágrimas
Inúmeras substâncias jorram, pingam e escorrem de nossos corpos e dos corpos daqueles que amamos. Curiosamente, há uma substância corporal que dificilmente pode ser classificada como aversiva — as lágrimas. Rozin sugere que as lágrimas são imunes à aversão porque pensamos nelas como exclusivamente humanas, mas, para mim, a explicação de William Ian Miller é a mais plausível: as lágrimas não possuem as propriedades físicas das substâncias aversivas por causa de “sua clareza, sua liquidez, sua natureza não aderente, sua falta de odor e seu sabor neutro”.

Consequencialistas x Deontologistas
Existe uma vertente particular da filosofia moral — a que se concentra, principalmente, na questão de quais ações são moralmente obrigatórias, quais são opcionais, e quais são proibidas. Nesta área, os filósofos estão divididos em dois campos principais:
os consequencialistas (que julgam as ações com base em seus resultados, como, por exemplo, o possível aumento do grau de felicidade humana) e
os deontologistas (que propõem que alguns princípios mais amplos deveriam ser respeitados, mesmo que impliquem consequências piores).

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Exemplo 1
Os consequencialistas poderiam considerar que torturar uma pessoa, até mesmo uma pessoa inocente, seria a coisa certa a se fazer, caso isso conduzisse a melhores consequências para todos.
O deontologista considera que torturar alguém é incorreto mesmo que isso salve um milhão de pessoas inocentes.
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Doutrina do Duplo Efeito (DDE)
De acordo com a DDE:
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Cenário 1
Decisão: bombardear uma base militar inimiga, mesmo sabendo que as bombas causarão a morte de alguns inocentes que trabalham na base.
Objetivo: destruir a base dará um fim rápido à guerra e salvará milhões de vidas.
Conclusão moral: a morte dos inocentes é apenas um “dano colateral” para atingir um objetivo maior.
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Cenário 2
Decisão: Bombardear uma base militar inimiga
Objetivo 1: matar as pessoas inocentes e, assim, intimidar a população para que ela se rendesse
Objetivo 2: dar um fim rápido à guerra, salvando milhões de vidas
Conclusão moral: Não seria moralmente aceito porque inocentes seriam mortos para produzir um bem maior
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Conclusão
Mesmo que um número idêntico de pessoas morra, de acordo com a DDE, o segundo ato é pior do que o primeiro.
No segundo caso, as mortes dos inocentes são um meio para um fim, ao passo que, no primeiro caso, são um lastimável subproduto.

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